No tocante ao espiritismo, a
diferença básica, sem dúvida, é a ausência de ritual nos centros espíritas, os quais estão presentes na umbanda em
abundância, e até de maneira
anárquica e diversificada, ao contrário da rígida padronização existente no
movimento espírita ortodoxo.
Entendemos que as semelhanças
se dão quanto ao apelo caritativo, à mediunidade,
à aceitação da reencarnação e da pluralidade dos mundos habitados, entre
outras verdades universais. Entretanto, a maior semelhança entre ambas é a presença de Jesus, que na umbanda é
sincretizado com o orixá Oxalá. Por isso, ao anunciar a nova religião, o
Caboclo das Sete Encruzilhadas associou-a ao Evangelho. A umbanda resgata o
consolador crístico, assim como Jesus fez em Suas andanças terrenas, e não
imputa aos seus prosélitos que "fora de sua seara não há salvação".
Vejamos: O MEDIUM UMBANDISTA trabalha
com desmanche de pesados fluidos do Astral inferior, desintegra campos
de força magnéticos sustentados pelos despachos feitos com sangue e animais
sacrificados, e serve de escudo fluídico para energias jogadas contra
consulentes que procuram os terreiros. O médium espírita geralmente não
trabalha com isso. A verdade é que, em determinados momentos do calendário de
atividades anuais caritativas, o medianeiro da umbanda começa a sentir fraqueza generalizada,
acompanhada de dor de cabeça, indisposição e desgaste geral. Além da
re-energização regular junto à mata, cachoeira e mar, associada ao amaci,
deverá tomar os banhos de ervas do pescoço para baixo, fortalecendo os seus chacras com plantas afins com os seus orixás
regentes e guias em preceitos de fixação, consagração, proteção e descarga
vibratória, para harmonizar o complexo fluídico (corpos e chacras).
Ao observarmos o Universo, o macrocosmo e o microcosmo que nos cercam,
constatamos que nada é igual, e que
Deus, o Pai-Mãe, Olurum, Zambi, Jeová, o Grande Incriado, o Único Eterno, ou
como queiramos denominar o Criador, não
fez Suas criações todas iguais. Não somos robôs com a mesma programação
existencial, pois a diversidade é inerente às
almas. Assim sendo, a umbanda nos
educa a conviver com essas diferenças,
sem o ranço religioso que trazemos
em nossos inconscientes milenares, ancorado na disposição psíquica de impor
igualdades ao outro.
Na verdade, os terreiros são
como escolas que nos instruem a
aceitar a diversidade ritual com harmonia, numa fraternidade que faz
conviver pacificamente com as desigualdades. É impensável uma entidade
militante no movimento umbandista exigir que se deva entrar nesta ou naquela
religião, culto, igreja ou filosofia, pois
sempre parte da aceitação da fé do consulente, e, a partir daí, o direciona
para o amor universal que se esparge em todas as formas de religiosidade
existentes na Terra, levando-o a despertar o sentimento crístico de dentro para
fora.
Portanto, as formas externas em que se
amparam nossa religiosidade no meio terreno nada mais são que escolas
psicológicas transitórias, cuja finalidade é melhorar nossa compreensão do
Divino, de nossa centelha espiritual, e ensinar a nos relacionarmos de
maneira mais profícua com o Sagrado, expandindo nossa consciência no sentido de
que fazemos parte de uma gigantesca colcha de retalhos que está pacientemente
sendo costurada para nossa reintegração cósmica. Interiorizamos a umbanda no
momento em que nossos espíritos vibram integralmente no amor incondicional, e
passamos a não impor que "fora de nossa religião, fé ou igreja não há
salvação". Assim como os galhos das árvores são de todos os pássaros, as
diferenças ritualísticas na umbanda se moldam à diversidade de consciências
existentes e contribuem para a evolução
coletiva, qual luz solar que clareia todos os telhados.
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