Dança dos Orixás Jerry D'oxossi

Dança dos Orixás Jerry D'oxossi

domingo, 29 de março de 2015

61- EXU: DESABAFO DE UM EXU.



“Realmente, ser da linha de Exu não é fácil mesmo ...
Foi o que pensei quando os meus mentores
me incumbiram para tal missão evolutiva.
Requisito mínimo necessário era ter Luz, e muita, mais muita persistência e perseverança. Ser atuante na justiça, 

completamente racional 
e nunca deixar o emocionalabalar as minhas decisões.
Tinha uma noção da missão que estaria por vir,
mas não sabia de verdade, o que eu encontraria pela frente...
Uma linha de atuação completamente discriminada,
com preconceitos e falsas verdades, lidar com os piores seres existentes no universo, as piores cargas de vibrações 
que possa imaginar 
e como se não bastasse, pela proteção, a nós foi dada, 
ainda ser intitulado um ser demoníaco pela grande maioria,
acredito que pela segurança para tramitar
entre os campos negativos e positivos da dimensão.
Uma linha que os quiumbas mais imitam

pelo simples fato da adoração 
e louvor dos encarnados que lotam as giras em todos os cantos da Terra, acredito pelo misticismo imposto pelos seres trevosos, 
como xingamentos 
aos que buscam socorro, o ritual à meia-luz, promiscuidade nos jeitos e atitudes, as comparações com assassinos, 
vingadores e prostitutas. 
As magias feitas para prejudicar um desafeto, arruinar vidas, 
amarrar corações, tudo isso ligaram à nossa falange.
O homem intitulou Exu dessa forma.
Explicam os encarnados, 

que agimos assim por estarmos em evolução. 
Mas que evolução é essa,
que fazem da nossa semelhança com os seres medievais?
Não seria então uma regressão?
Se somos tão regressos assim, como poderíamos ajudar as pessoas?
Nos deram chifres, patas, uma imagem horrenda,
só esqueceram de nos presentear com as asas,
símbolo verdadeiro de todos os guardiões.
Ainda há muito o que se fazer, afinal, não é de hoje que cultos de magia negativa é assimilado com a falange de Exus.
Esse é só um desabafo, de um ser de luz que busca evolução, 
protegendo encarnados com  minhas asas
e executando a lei, assim ordenada pelo Pai Maior.”
  Guardião Capa Preta
Retirado do Blog Coisas da Vida. http://requintemaryhelena.blogspot.com.br/2014/02/desabafo-de-um-exu.html 



60- EXU. EXU ORIXÁ E EXU ENTIDADE. QUAL A DIFERENÇA?

Na umbanda, Exu é sincretizado com Santo AntÔnio


EXU ORIXÁ:

VOVÓ MARIA CONGA: - “Na concepção original do termo (EXU ORIXÁ), não se classifica Exu em um tipo de entidade. É um princípio vibratório que obrigatoriamente participa de tudo. É dinâmico e está em tudo que existe. É a força que impõe o equilíbrio às criaturas que ainda têm carmas negativos a saldar. Em sendo assim, abrange uma enorme parcela no Cosmo imensurável. (Obs.: exu entidade é diferente exu de Nação - candomblé: ver religiões africanas; cultura Yorubá).

Ramatis: Exu é o princípio do movimento, aquele que tudo transforma, que não respeita limites, pois atua no ilimitado, liberto da temporalidade humana e da transitoriedade da matéria, interferindo em todos os entrecruzamentos vibratórios existentes entre os diversos planos do Universo. Por isso, exu é considerado o mensageiro dos planos ocultos, dos orixás, sendo o que leva e traz, o que abre e fecha, nada se fazendo sem ele na magia.

            Cada um dos filhos tem seu exu individual. Cada orixá com seus correspondentes vibratórios tem seus exus. É o exu o executor das Leis Cósmicas. Não é nem bom nem ruim, nem positivo nem negativo. Sendo neutro, é justo. A função de exu consiste em solucionar, resolver todos os trabalhos, encontrar os "caminhos" apropriados, "abri-los" ou "fechá-los" e fornecer a sua ajuda e poder a fim de mobilizar e desenvolver junto à existência de cada indivíduo a sua situação cármica, bem como as tarefas específicas atribuídas e delegadas a cada um dos Guias e Protetores”.
exu orixá , de Fabio Ferreira

exu feminino - orixá, de Oradia

exu orixá
EXU ENTIDADE: Aqui trataremos de Exu na Umbanda, como entidade que trabalha na caridade. São os genuínos exus da Umbanda que garantem a segurança dos trabalhos, mantêm a organização e a disciplina e são grandes "combatentes" quando em atividades socorristas e de resgates nas organizações malévolas do Umbral Inferior. Exu não é o diabo. Exu respeita o carma de cada cidadão e não faz nada que contrarie o livre-arbítrio e o merecimento de cada criatura

Obs.: Os espíritos que "baixam" em alguns terreiros ‘dizendo’ serem exus, galhofeiros, imorais, deselegantes, de vocabulário impróprio, ‘xingando’, enfim, tumultuando o ambiente, não são exus, mas espíritos doentes, kiumbas obsessores, que comparecem ou por invigilância do médium e consulente, ou pela baixa moralidade do grupo mediúnico. Mas essas invasões também ocorrem fingindo-se de caboclos e pretos velhos, pois esses espíritos são mistificadores e tentam fingir o que não são, em processo de assédio para conturbar os trabalhos. É fruto da ignorância dos homens, das suas ambições e vaidades mesquinhas, a exploração desses irmãos doentes, os kiumbas, que, em escambos ilícitos moralmente, fazem-se presentes nas vampirizações fluídicas, tornando alguns terreiros balcão que a tudo resolve por meio dos despachos pagos e rituais macabros e em total discordância com as Leis Divinas e de merecimento individual de cada um.

EXUS: agentes de reajustamentos cármicos e o socorro nas zonas umbralinas do planeta

            As entidades que atuam como exus são como guardiões de nossos caminhos (nossas encruzilhadas cármicas). A vibração dessa linha atua numa faixa de retificação evolutiva, fazendo com que muitas vezes sua atuação seja confundida com o mal, o que não é de forma alguma verdadeiro. Se um exu atua numa faixa de correção, muitas vezes no escopo de seu trabalho, alguém vai sofrer alguma mazela por puro efeito de justo retorno. Por exemplo: pessoas que foram muito ricas e despóticas em vidas passadas, na atual encarnação vão encontrar dificuldades para o ganho financeiro. Nesses casos, então exu não irá facilitar em nada essa situação, agindo dentro de uma linha justa de intercessão. E se a criatura fizer um trabalho de magia negativa para conseguir um emprego e prejudicar alguém, e o prejudicado procurar um terreiro de umbanda, pode-se ter certeza de que o contratante do trabalho terá como retorno todo o manancial cármico que distorceu intensificado, por um justo mecanismo de compensação cósmica, que foge ao nosso controle. Então, o que acontecerá depois cabe a Xangô (a justiça) determinar; cabe a exu apenas executar à risca. Parece duro, mas aprendemos com o tempo que as coisas funcionam desse modo, independentemente do que se entende como exu ou não.

         Os espíritos que manejam e atuam na vibração de exu são calejados nas lides e psicologia da vida, e desprovidos de sentimentalismos na aplicação da lei cármica. Entendemos que, sem essa vibratória, o planeta seria uma barafunda, e os magos do Astral inferior já teriam instalado o caos na Terra.
         Há de se ter bem claro que exu não faz mal a ninguém, ao menos os verdadeiros. Quanto a espíritos embusteiros e mistificadores que estão por aí, encontram sintonia em mentes desavisadas e sedentas por facilidades de todas as ordens.

         Os exus atuam diretamente em nosso lado-sombra e são os grandes agentes de assepsia das zonas umbralinas. Em seus trabalhos, cortam demandas, desfazem feitiçarias e magias negativas feitas por espíritos malignos, em conluio com encarnados que usam a mediunidade para fins nefastos. Auxiliam nas descargas, retirando os espíritos obsessores e encaminhando-os para entrepostos socorristas nas zonas de luz no Astral, a fim de que possa cumprir suas etapas evolutivas em lugares de menos sofrimento.

         Assim é exu: por vezes incompreendido, outras temido, tantas amado, mas sempre honesto, alegre, feliz, direto no que tem a nos dizer, e incansável combatente da maldade que o próprio homem alimenta no mundo.

Trecho retirado dos Livros: 1-Umbanda Pé no Chão, Norberto Peixoto; 2- Umbanda Sagrada: Rubens Saraceni.
 
Exus e Bombogiras , entidades trabalhadoras da Umbanda. Desenho Jerry D'oxossi
exus e bombogiras. Desenho de Jerry D'oxossi


simbologia do tridente de exu


sexta-feira, 27 de março de 2015

59- PONTOS CANTADOS DE OMULU E ABALUAIÊ. Videos






58- PONTOS CANTADOS DE NANÃ BORUQUÊ. vídeos.




57- PONTOS CANTADOS DE IANSÃ. Vídeos.




56- PONTOS CANTADOS DE OXÓSSI. Vídeos




55- PONTOS CANTADOS DE OXUM.Vídeos




54- PONTOS CANTADOS. XANGÔ. Vídeos





53- PONTO CANTADO. GUARDIÃO EXU CAVEIRA. "FOI SOB A LUA". VÍDEO. Tião Casemiro.


52- PONTO CANTADO. BATIZADO. VÍDEO.. Tião Casemiro.


51- PONTO CANTADO. OXALÁ. VÍDEO. Tião Casemiro. Vídeo


50- PONTOS CANTADO DE OGUM. Vídeos





49- PONTO CANTADO "LAMENTO DE UM PORETO VELHO". Pai Elcio de Oxalá . Vídeo


48- PONTO CANTADO "ME DÊ A SUA MÃO". VÍDEO. Pai Elcio de Oxalá



47-PONTOS CANTADOS DE IEMANJÁ. VÍDEOS





46- VÍDEO HINO DA UMBADA, por Tião Casemiro




quinta-feira, 26 de março de 2015

45- ORGANIZAÇÃO DE UM TERREIRO DE UMBANDA



ORGANIZAÇÃO DE UM TERREIRO. Obs.: mestres leia -se pai ou mãe de santo

Pai de Santo ou Mãe de Santo:  são as autoridades máximas de um terreiro, os quais incorporam as entidades, zelam pela manutenção da doutrina  e presidem as sessões realizadas no terreiro, orientando e cuidando de seus filhos de fé. 

Pai pequeno e/ou mãe pequena: são médiuns com grande experiência espiritual, os quais presidem as sessões do terreiro na ausência do pai de santo ou mãe de santo.
Filhos de santo ou filhas de santo: são médiuns que se apresentam nas diversas fases da mediunidade e auxiliam no culto, ajudam na organização do terreiro e assessoram os pais-de-santo e médiuns de incorporação durante as sessões. 
Cambones: São os médiuns que servem e auxiliam as entidades, servindo seu charuto, suas vestes, escrevendo e explicando aos consulentes as receitas de banhos, defumações, enfim auxiliando em todo o trabalho. 
Ogan: são os responsáveis pela "puxada" dos pontos ( música cantada) do terreiro, tocando atabaque / curimba e cantando os pontos Eles devem ser detentores da sabedoria e reconhecer qual ponto deve ser puxado para qual entidade e em qual situação (pontos de abertura, saudações, pontos de bater cabeça, etc).
Tabaqueiros: são os responsáveis pela curimba, ou seja, pelo toque dos atabaques.  É muito importante o entrosamento com o Ogan, uma vez que dependem dele para saber o ponto que será puxado e assim poder dar o toque. Os tabaqueiros também devem saber quando, como e porque de cada toque, repique, etc.

Há ainda os auxiliares de culto, que ajudam a organizar o terreiro

44- PRECONCEITO CONTRA OS PRETO-VELHOS E CABOCLOS DA UMBANDA. EQUÍVOCOS:


Resgate no Umbral. Foto do Filme Nosso Lar
Observações do médium Norberto Peixoto:

Ficamos muito entristecidos quando observamos no meio espírita, dito universalista e não ortodoxo, preconceitos e interpretações totalmente equivocadas em relação ao movimento umbandista, de forma sectária. E o maior agravante, na nossa opinião, é quando discriminam essas entidades amorosas e humildes, que são os índios e os pretos velhos, muitos tendo sido canonizados pelo Catolicismo em tempos idos e hoje desempenhando a caridade nessas configurações perispirituais.
Alguns entendem que essas entidades são somente uma tropa de choque, grosseira, indisciplinada, que não tem o trato fraterno com os irmãos desencarnados. Outros generalizam que todos os médiuns educados na Umbanda são extremamente anímicos e desordeiros, praticando o mediunismo mais sórdido, como se operassem em vil terreiro. Diferenças entre nós a parte, constatamos seguidamente que na Espiritualidade essas entidades dão apoio imprescindível nos trabalhos mediúnicos dos quais participamos, com fluidos mais densos e desobsessivos. São essas "tropas de choque", das vibrações dos orixás Ogum e Xangô, que adentram nos charcos trevosos umbralinos e valentemente resgatam muitos irmãos prisioneiros das organizações trevosas, trazendo os sofredores escravizados e os líderes escravizadores, quando necessário, para a manifestação mediúnica, seja na mesa kardequiana ou no grupo apométrico, e tenham a certeza de que muitos médiuns videntes fazem que não vêem esses irmãos por puro preconceito.
Texto retirado do livro Samadhi, de Norberto Peixoto, pelo espírito de Ramatis.
 Obs.: nota do blogueiro: preconceituosos e mal informados, irmãos de outras crenças e filosofias chegam a chamar a Umbanda de “baixo espiritismo”, como se isso fosse possível, onde espíritos bondosos praticantes da caridade ensinada pelo mestre Jesus trabalham em lugares de grande perigo para o resgate e socorro de irmãos menos ditosos que sofrem e imploram a ajuda do Alto.
 
 
INDIOS E SERES DE LUZ NOS TRABALHOS DE CURA

43- AS FALANGES DA UMBANDA:


Médium ao centro, e suas entidades

 As falanges espirituais são agrupamentos de espíritos afins a determinados orixás que possuem semelhante vibração e compromisso caritativo: pretos velhos, caboclos, exus, crianças, baianos, boiadeiros, marinheiros ciganos, orientais das mais diversas etnias, entre outras formas e raças relacionadas à evolução humana no orbe.
            É importante esclarecer algumas dúvidas mais comuns quanto à formação das falanges na umbanda. Numa determinada falange pode haver centenas de espíritos atuando com o mesmo nome, aos quais denominamos de falangeiros dos orixás. A falange de Cabocla Jurema, por exemplo, é constituída de milhares de espíritos que adotam este nome, como se fossem procuradores diretos da vibração do orixá Oxossi. Então, sob o comando de um espírito, existe uma quantidade enorme de outros espíritos que se utilizam dessa mesma "chancela" ou "insígnia" - uma espécie de autorização dos Maiorais que regem o movimento umbandista e que identificam os que já adquiriram o direito de trabalho nas suas frentes de caridade no orbe. Na verdade, quando um médium incorpora uma Cabocla Jurema, ele se enfeixa na falange que tem uma vibração peculiar. Por isso, pode ocorrer a manifestação de centenas de caboclas juremas ao mesmo tempo, pelo Brasil afora, inclusive dentro de um mesmo terreiro.
(trecho retirado do Livro Umbanda Pé no Chão, Norberto Peixoto, Editora do Conhecimento)

Formas de apresentação dos espíritos na Umbanda:

- Os caboclos são espíritos de índios brasileiros, sul ou norte-americanos, que dispõem de conhecimento milenar xamânico do uso de ervas para banhos de limpeza e chás para auxílio à cura das doenças. São entidades simples, diretas, por vezes altivas, como velhos índios guerreiros. Com sua simplicidade, conquistam os corações humanos e passam confiança e credibilidade aos que procuram amparo. São exímios nas limpezas das carregadas auras humanas, experientes nas desobsessões e embates com o Atral inferior. Na magia que praticam, usam pembas para riscar seus pontos, fogo, essências cheirosas, flores, ervas, frutas, charutos e incenso.
Na Umbanda, os Caboclos (assim como preto-velhos, baianos, boiadeiros, crianças) constituem uma falange e, como tal, penetram em todas as linhas, atuando em diversas vibrações. Entretanto, cada um deles tem uma vibração originária, que pode ser ou  não aquela em que ele atua.  Antigamente existia a concepção de que todo Caboclo seria um Oxossi, ou seja, viria sob a vibração deste Orixá. Porém em nossa percepção, compreendemos que Caboclos diferentes possuem Vibrações Originais Diferentes, podendo se apresentar sob a Vibração de Ogum, de Xangô, de Oxossi ou Omulu. Já as Caboclas, podem se apresentar sob as Vibrações de Iemanjá, de Oxum, de Iansã ou de Nanã. Não há necessidade da Vibração do Caboclo-guia, coincidir com a do Orixá dono da coroa do médium: o guia pode ser, por exemplo, de Ogum, e atuar em um sensitivo que é filho de Oxossi; apenas neste caso, a entidade, embora sendo de Ogum, assimilará a vibração de Oxóssi.
A magia praticada pelos espíritos de caboclos é sempre positiva, não existe na Umbanda trabalho de magia negativa, ao contrário, a Umbanda trabalha para desfazer a magia negativa.

Cabocla Jurema
Caboclo Pena Branca
- Os pretos velhos, tanto espíritos de idosos africanos escravizados e trazidos para o Brasil, como de negros que nasceram em solo pátria, são símbolos de sabedoria e humildade, verdadeiros psicólogos do profundo conhecimento dos sofrimentos e aflições humanas. Joana de Ângelis, a venerável irmã conhecida da lide espírita, conhecedora da alma e dos sofrimentos dos encarnados, arguta observadora do psiquismo, atua como mais uma singela e anônima vovó preta nas frentes umbandísticas, assumindo um nome simbólico, como tantos outros espíritos luminares, retomando a forma de uma antiga encarnação em solo africano. A todos, esses espíritos missionários consolam amorosamente, como faziam antigamente, inclusive nas senzalas após longo dia de incansável trabalho físico.
            A infinita paciência em ouvir as mazelas e choramingas dos consulentes fazem dos pretos velhos as entidades mais procuradas nos terreiros. Assim como os caboclos, usam ervas em suas mandingas e mirongas. Suas rezas e invocações são poderosas. Com suas cachimbadas e fala matreira, espargem fumaça sobre a pessoa que está recebendo o passe e higienizam as auras de larvas astrais e energias negativas. Com seus rosários e grande amor, são notáveis evangelizadores do Cristo, e com muita "facilidade" doutrinam os obsessores que acompanham os consulentes. Demonstram que não é o conhecimento intelectual ou a forma racial que vale no atendimento caridoso, e sim a manifestação amorosa e sábia, de acordo com a capacidade de entendimento de cada filho de fé que os procuram.



- As crianças (chamada de ERÊ). São espíritos que já estiveram encarnados na terra e que optaram por continuar sua evolução espiritual através da prática de caridade, incorporando em médiuns nos terreiros de Umbanda. Em sua maioria, foram espíritos que desencarnaram com pouca idade (terrena), por isso trazem características de sua última encarnação, como o trejeito e a fala de criança, o gosto por brinquedos e doces. Assim como todos os servidores dos Orixás, elas também têm funções bem específicas, e a principal delas é a de mensageiro dos Orixás. Muitas entidades que atuam sob as vestes de um espírito infantil, são muito amigas e têm mais poder do que imaginamos. Mas como não são levadas muito a sério, o seu poder de ação fica oculto, são conselheiros e curadores, por isso foram associadas a Cosme e Damião, curadores que trabalhavam com a magia dos elementos. Não gostam de desmanchar demandas, nem de fazer desobsessões .Preferem as consultas, e em seu decorrer vão trabalhando com seu elemento de ação sobre o consulente, modificando e equilibrando sua vibração, regenerando os pontos de entrada de energia do corpo humano. Esses seres, mesmo sendo puros, não são tolos, pois identificam muito rapidamente nossos erros e falhas humanas. E não se calam quando em consulta, pois nos alertam sobre eles. Eles manipulam as energias elementares e são portadores naturais de poderes só encontrados nos próprios Orixás que os regem. Quando incorporadas em um médium, gostam de brincar, correr e fazer brincadeiras (arte) como qualquer criança. É necessária muita concentração do médium (consciente), para não deixar que estas brincadeiras atrapalhem na mensagem a ser transmitida. É comum em uma gira de criança, ver um médium "cambaleando" antes de incorporar inteiramente, isso se dá devido à "disputa" que estes espíritos travam para ver quem incorpora primeiro, bem típico desta linha. No seu dia de comemoração acaba virando uma grande festa de aniversário, adoram guaraná e doces e promovem uma animada "bagunça" quando baixam no terreiro. Sua energia é transbordante de vitalidade e alegria, sendo capaz de derramar as maiores bênçãos da  fertilidade e da harmonia.   Os "meninos" são em sua maioria mais bagunceiros, enquanto que as "meninas" são mais quietas e calminhas. Alguns deles incorporam pulando e gritando, outros descem chorando, outros estão sempre com fome, etc... Estas características, que às vezes nos passam desapercebido, são sempre formas que eles têm de exercer uma função específica, como a de descarregar o médium, o terreiro ou alguém da assistência.  Estas entidades são a verdadeira expressão da alegria e da honestidade, dessa forma, apesar da aparência frágil, são verdadeiros magos e conseguem atingir o seu objetivo com uma força imensa, atuam em qualquer tipo de trabalho, mas, são mais procurados para os casos de família e gravidez. Os pedidos feitos a uma criança incorporada normalmente são atendidos de maneira bastante rápida. Entretanto a cobrança que elas fazem dos presentes prometidos é grande. Nunca prometa um presente a uma criança e não o dê assim que seu pedido for atendido, pois a "brincadeira" (cobrança) que ela fará para lhe lembrar do prometido pode não ser tão "engraçada" assim.


- O Caboclo Boiadeiro. Dentre muitos caboclos que baixam em vários terreiros, o Caboclo Boiadeiro tem sempre uma participação especial nas seções de caboclo. Boiadeiro é muito respeitado por trazer de volta ao nosso convívio toda a sua experiência adquirida em tempos de boiada, do sertão bravio, do homem responsável pela conduta da boiada do seu patrão. De um modo geral, Boiadeiro usa um chapéu de couro com abas largas (para proteger-lhe do sol forte), calças arregaçadas e movimenta-se muito rápido. Um pequeno cântaro para carregar água, tão importante para a viagem. O chicote que usa para açoitar a rez feroz. A corda, usada para laçar o boi bravo, ou para pegar aquele que se afasta da boiada, ou ainda usada para derrubar o boi para abate. Boiadeiro, na verdade, traz toda uma soma de sabedoria acumulada dessas viagens e vivências do campo. Na verdade, estamos descrevendo uma maravilhosa entidade de muita luz e muita força. O caboclo boiadeiro está ligado com a imagem do peão boiadeiro, habilidoso, valente e de muita força física. Vem sempre gritando e agitando os braços como se possuísse na mão, um laço para laçar um novilho. Sua dança simboliza o peão sobre o cavalo a andar nas pastagens.  Em geral, trabalha rodando sua guia por sobre a cabeça do consulente e depois a esfregando pelo seu corpo, para promover a limpeza do campo áurico.  Invariavelmente a guia arrebenta... Enquanto os "caboclos índios" são quase sempre sisudos e de poucas palavras, é possível encontrar alguns boiadeiros sorridentes e conversadores.
Retirado do Jornal Umbanda Sagrada, desenho de CLAUDIO GIANFARDONI
 

- Os Baianos. A corrente baiana é formada por espíritos alegres, brincalhões, descontraídos e são poderosos em"desmanchar" demandas. São pessoas que viveram na Bahia (geralmente), e que vêm ao terreiro para passar seu axé, e sua energia positiva. São muito conselheiros, orientadores, aguerridos e chegados à dança durante a qual trabalham enquanto giram com seus passos próprios. Apreciam as "festas" que lhes fazem, onde bebem batida de coco e comem comidas típicas da cozinha baiana. A gira do Povo Baiano é muito animada, estas entidades, também têm muito o que ensinar.


- Os marinheiros. Esses falangeiros chegam do mar e desembarcam em terra, sua alegria é contagiante, abraçam a todos, brincando sempre, com aquele jeito meio “maroto”, embriagado. São os Marinheiros, grupo de Espíritos que trabalham na Umbanda em prol da caridade.
Eles conheceram muito bem o mar e a navegação, pois participaram da descoberta de novos mundos através das viagens que empreenderam que duraram anos e anos.
As Entidade de Marinheiro trabalham na Linha de Iemanjá que compõe o chamado “Povo da Água”. Seus conselhos e mensagens são sempre cheios de esperança e de fé. Costumam trabalhar em grupos. São fortes, pois enfrentarem guerras e mares agitados, mas também conheceram a calmaria e a bonança.
Dão consultas, passes e também fazem trabalhos fortes de descarrego que envolvam grandes demandas. Em algumas casas, também costumam trabalhar nas giras de desenvolvimento de Médiuns.
Todas as pessoas tem uma idéia muitas vezes distorcida desta linha de trabalho. Os marinheiros são em sua grande maioria espíritos que militam a umbanda para dar sustento no campo da diluição de cargas trevosas, outros atuam como elementos de sustentação de trabalhos voltados a curas, atraindo os poderes elementais dos quais estes espíritos de alto grau espiritual, trazem consigo.
Na realidade estes abnegados servidores da lei são verdadeiros “magos que atuam nos mistérios aquáticos” e com uma forma de atuação única dentro dos domínios da umbanda. Como magos, trazem para nós, a possibilidade de nos libertarmos de nossos entraves, com uma forma bem simpática lidam com os consulentes de forma extrovertida, deixando o assistido muito a vontade com trejeitos peculiares desta linha maravilhosa da umbanda.
Muito diferente do que imaginamos, estes irmãos do astral não são e não estão embriagados, como muitos se mostram, na realidade sua forma de balanço é uma maneira de liberar suas ondas energéticas se utilizando do próprio médium.
Retirado da página : https://povodearuanda.wordpress.com/2007/07/29/marinheiros/

 
  


 - Os orientais se apresentam como hindus, árabes, marroquinos, persas, etíopes, chineses, egípcios, tibetanos, e nos trazem conhecimentos milenares. São espíritos que encarnaram entre esses povos e que ensinam ciências "ocultas", cirurgias astrais, projeções da consciência, cromoterapia, magnetismo, entre outras práticas para a caridade que não conseguimos ainda transmitir em palavras. Por sua alta freqüência vibratória, criam poderosos campos de forças para a destruição de templos de feitiçaria e de magias negativas do passado, libertando os espíritos encarnados e desencarnados. Incentivam-nos no caminho da evolução espiritual, por meio do estudo e da meditação; conduzem-nos a encontrar o Cristo interno, por meio do conhecimento das leis divinas aplicadas em nossas atitudes e ações; atuam com intensidade no mental de cada criatura, fortalecendo o discernimento e a consciência crística.
INDU - desenho de CLAUDIO GIANFARDONI
 - Os ciganos são espíritos ricos em histórias e lendas. Foram nômades em séculos passados, pertencentes a várias etnias. Em grande parte são do antigo Oriente. Erroneamente são confundidos com cartomantes ociosas de praças públicas que, por qualquer vintém, lêem as vidas passadas. São entidades festeiras, amantes da liberdade de expressão, excelentes curadores, trabalham com fogo e minerais. Cultuam a natureza e apresentam completo desapego às coisas materiais. São alegres, fiéis e ótimos orientadores nas questões afetivas e dos relacionamentos humanos. Utilizam comumente nas suas magias moedas, fitas e pedras, perfumes e outros elementos para a caridade, de acordo com certas datas e dias especiais sob a regência das fases da Lua.


- As Pomba-Giras, Pombogira ou Bombogira: O termo Pomba-Gira é corruptela do termo "Bombogira" que significa em Nagô, Exú.
A origem do termo Pomba-Gira, também é encontrada na história.
No passado, ocorreu uma luta entre a ordem dórica e a ordem iônica. A primeira guardava a tradição e seus puros conhecimentos. Já a iônica tinha-os totalmente deturpados. O símbolo desta ordem era uma pomba-vermelha, a pomba de Yona. Como estes contribuíram para a deturpação da tradição e foi uma ordem formada pela maioria por mulheres tinham que saldar suas dívidas. Atualmente elas vem pela Lei de Umbanda como Pomba-giras para ensinar, e fazer seu resgate do passado.
Se Exú já é mal interpretado, confundindo-o com o Diabo, quem dirá a Pomba-Gira? Dizem que Pomba-Gira é uma mulher da rua, uma prostituta. Que Pomba-Gira é mulher de Sete Exús! As distorções e preconceitos são características dos seres humanos, quando eles não entendem corretamente algo, querendo trazer ou materializar conceitos abstratos, distorcendo-os.
Pomba-Gira é um Exu Feminino, não são prostitutas. Na verdade, dos Sete Exús Chefes de Legião - do Sétimo Grau, apenas um Exu é feminino, ou seja, ocorreu uma inversão destes conceitos, dizendo que a Pomba-Gira é mulher de Sete Exu.
Dentro da hierarquia do Exú Feminino (Pomba-Gira), estão divididas em níveis diversas outras pombas-gira, da mesma forma que as demais falanges.
É claro que em alguns casos, podem ocorrer que uma delas, em alguma encarnação tivesse sido uma prostituta, mas, isso não significa que as pombas-gira tenham sido todas prostitutas e que assim agem.
A função das pombas-gira está relacionada à sensualidade. Elas frenam os desvios sexuais dos seres humanos, direcionam as energias sexuais para a construção e evitam as destruições.
A sensualidade desenfreada é um dos "sete pecados capitais" que destroem o homem: a volúpia. Este vício é alimentado tanto pelos encarnados, quanto pelos desencarnados, criando um ciclo ininterrupto, caso as pombas-gira não atuassem neste campo emocional.
As pombas-gira são grandes magas e conhecedoras das fraquezas humanas. São, como qualquer Exu, executoras da Lei e do Karma.
Cabe a elas esgotar os vícios ligados ao sexo. Quando um espírito é extremamente viciado ao sexo, elas, às vezes, dão a ele "overdoses" de sexo, para esgotá-lo de uma vez por todas.
Elas, ao se manifestarem, carregam em si, grande energia sensual, não significa que elas sejam desequilibradas, mas sim que elas recorrem a este expediente para "descarregar" o ambiente deste tipo de energia negativa.
São espíritos alegres e gostam de conversar sobre a vida. São astutas, pois conhecem a maioria das más intenções.
Maria Padilha
 
- Os Exus: aqui trataremos de Exu entidade e não como vibração cósmica ( exu Orixá). Estes espíritos, assim como os Preto-velhos, e crianças são servidores dos Orixás.  Não se devem confundir os Exus da Umbanda com Exu da Nação (candomblé), pois são diferentes. Apesar das imagens de Exus, fazerem referência ao "Diabo" medieval (herança do Sincretismo religioso), eles não devem ser associados à prática do "Mal", pois como são servidores dos Orixás, todos tem funções específicas e seguem as ordens de seus "patrões". Dentre várias, duas das principais funções dos Exus são:  abertura dos caminhos e a proteção de terreiros e médiuns contra espíritos perturbadores, seja durante a gira ou obrigações, ou na defesa do dia a dia. Desta forma estes espíritos não trabalham somente durante a "gira de Exus" dando consultas, onde resolvem problemas de emprego, pessoal, demanda e etc... de seus consulentes. Mas também durante as outras giras (Caboclos, Preto-velhos, Crianças), protegendo o terreiro e os médiuns, para que a caridade possa ser praticada. Os exus recebem na Umbanda certas denominações como Povo de Rua, Compadres e Comadres, Guardiões etc , para classificar entidades que trabalham num plano astral evolutivo. Estas entidades são firmadas em um lugar chamado de tronqueira. São verdadeiros guardiões, cumpridores das Leis do Carma , Lei do Retorno, Lei da Ação e Reação, ou seja, das Leis Divinas. Trabalham na linha chamada de esquerda, que significa a esquerda da Cruz de Cristo.
Costumam trabalhar com velas, charutos, cigarros, punhais em seus pontos riscados, pembas brancas, pretas e vermelhas. Devido ao seu temperamento forte e alegre costumam atrair bastante os consulentes. É a Polícia de Choque da Umbanda, é quem cobra na hora e também é quem tem maior ligação com os seres encarnados.
Na falange de Exu existem muitos, entre eles, estão: Exu Tranca-Rua-das-Almas, Exu Tirirí, Exu Marabô, Exu Veludo, Exu Morcego, Exu Gira-mundo, Exu Caveira , Exu Ventania etc.

ESCLARECIMENTO: na Umbanda o nome EXU tem significado de  GUARDIÃO DE LUZ , que trabalha ‘nas’ Trevas por ser útil ao tipo de serviço e para sua EVOLUÇÃO e dos irmãos que resgata.

 Mas apenas para relatar a opinião de alguns autores e evitar confusões passemos a algumas definições. Alguns autores separam os Exus em três tipos:

EXU PAGÃO (erroneamente assim chamados): é aquele que não sabe distinguir o Bem do Mal, trabalha para quem pagar mais. Não é confiável, pois se pego, é castigado pelas falanges do Bem, então volta-se contra quem o mandou. É tido como o marginal da espiritualidade, aquele sem luz, sem conhecimento da evolução, trabalhando na magia para o mal, embora possa ser despertado para evoluir de condição.
Para evitar essa confusão, não damos aos chamados “Exus Pagões” a denominação de “Exu”, classificando-os apenas como Kiumbas. E reservamos para os ditos “Exus Batizados” a denominação de “Exu”.
 
  EXU BATIZADO: é todo aquele que já conhece o Bem e o Mal, tendo plena consciência de seus atos; são os executores das ordens das entidades chefes de terreiro, a cujo serviço evoluem sempre na prática do bem, porém conservando suas forças de cobrança, de executores da Lei, esgotando os vícios e mazelas humanas, não devendo confundir isso com a prático do Mal.


EXU COROADO: é aquele que após grande evolução como empregado das Entidades do Bem, recebem por mérito, a permissão de se apresentarem como elementos das linhas positivas, Caboclos, Pretos Velhos, Crianças, etc.

Texto retirado: 1- Livro Umbanda Pé no chão, Norterto Peixoto; 2- Blogspot  Lar Umbandista Pai Xangô Caboclo Peã Branca.



42- SINCRETISMO NA UMBANDA. Algumas das influências e diferenças dos cultos africanos, da pajelança indígena, do catolicismo e do espiritismo.


ORIXÁS SINCRETIZADOS COM SANTOS CATÓLICOS

Sincretismo quer dizer "combinação de diversos princípios e sistemas", ecletismo, amálgama de concepções heterogêneas. É o somatório de diferentes filosofias e fundamentos magísticos que tendem para uma igualdade, podendo ser diferentes na forma, mas semelhantes na essência.
 Por ser sincrética em seu nascimento e formação, a umbanda faz convergir para pontos em comum o que se apresenta sob diversas formas ritualísticas em todas as outras religiões do planeta. Ao contrário da opinião de zelosos religiosos, isso não a enfraquece doutrinariamente, não conspurca uma falsa pureza que outras religiões afirmam possuir e não a deixa menor do que qualquer culto ou doutrina mediúnica. Há de se comentar que a diversidade é da natureza universal, pois nada é igual no Cosmo, nem mesmo as folhas de uma única árvore. Assim, a umbanda se apresenta como a mais universalista e convergente das religiões existentes no orbe.

Também não podemos deixar de comentar o preconceito que ainda existe em relação à raça negra, particularmente a tudo o que é oriundo da África, o que se reflete irremediavelmente na passividade mediúnica. Esse atavismo acaba se impregnando nas pessoas que atuam na umbanda, pois ainda não somos perfeitos. Especialmente quanto à origem africana da umbanda (temos a origem indígena e a branco judaico-católico-espírita), lamentavelmente ainda persistem os ranços na busca de "pureza" doutrinária, como se tudo que viesse do continente africano fosse de um fetichismo sórdido e da mais vil magia negativa, o que não é verdade pois temos de ser fiéis à nossa história recente e à anunciação da umbanda na Terra. Se não fossem os africanos, não teríamos hoje a força e a magia dos orixás no movimento umbandista, embora saibamos que em muitas outras culturas esses conhecimentos se manifestaram, inclusive entre nossos índios, e, voltando no tempo, até na velha Atlântida. Porém, reportando-nos aos registros históricos mais recentes, sem sobra de dúvidas, foram os africanos que, no interior das senzalas insípidas e inodoras, inteligentemente sincretizaram os orixás com os santos católicos, perpetuando-os em berço pátrio até os dias de hoje. Vamos resgatar um pouco dessa origem, digna de todo nosso respeito.
           Na época da escravidão, houve um sincretismo afro-católico denominado cabula, principalmente nas áreas rurais dos estados da Bahia e Rio de Janeiro, que, segundo pesquisas históricas, são considerados os rituais negros mais antigos de que se em registro envolvendo imagens de santos católicos sincretizados com orixás, herança da fase em que os cultos africanos eram reprimidos nas senzalas, onde os antigos sacerdotes mesclavam suas crenças e culturas com o catolicismo, a fim de conseguir praticar e perpetuar sua fé. No final do século XIX, quando ocorreu a libertação dos escravos, a cabula já estava amplamente disseminada na nossa cultura como atividade religiosa afro-brasileira.
            Esse sincretismo foi mantido pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas após a anunciação da umbanda como religião nascente, em 1908.
O surgimento e anunciação da umbanda, através da mediunidade de Zélio Fernandino de Moraes, forneceu as normas de culto para uma prática ritual mais ordenada, voltada para o desenvolvimento da mediunidade e da prática da caridade com base no Evangelho de Jesus, prestando auxílio gratuito à população pobre e marginalizada do início do século passado.
              Atualmente, podemos afirmar que é majoritária a presença dos orixás na prática doutrinária da umbanda. Inclusive cresce cada vez mais o culto com imagens simbólicas em formas originais africanas, pois o gradativo e crescente entendimento da reencarnação sugere à coletividade umbandista que é provável que muitos dos santos católicos já tenham reencarnado.
                 Algumas das influências e diferenças dos cultos africanos, da pajelança indígena, do catolicismo e do espiritismo:

               Cultuamos os orixás na umbanda; por isso, é importante enfatizar algumas diferenças cruciais em relação aos cultos das diversas nações africanas. Primeiramente, temos de ressaltar que a prática umbandista não é politeísta: acreditamos em um Deus único e inigualável, não importando muito se o seu nome é Zambi, Olurum ou simplesmente Pai. Os orixás são forças da natureza, energias cósmicas provindas do Criador. Portanto, não os incorporamos nem eles apresentam características humanas, como vaidade, ciúme, sensualidade e raiva. Não nos vestimos com as roupas dos deuses nem damos de comer aos "santos" incorporados, e eles também não aprendem a dançar conosco.
             Quem se manifesta nos terreiros de umbanda são espíritos desencarnados que têm afinidade com determinado orixá e formam as chamadas linhas vibratórias. Na maioria, são entidades que ainda irão reencarnar e que estão em aprendizado recíproco com seus médiuns. Como têm um compromisso coletivo a realizar, encontram no Astral oportunidade de aprendizado e evolução fazendo a caridade. Outras (a minoria), são mentores que não mais reencarnarão compulsoriamente no planeta, e, por possuírem um elevado amor, estão vinculadas à coletividade espiritual terrena nos auxiliando, assim como Jesus o faz desde épocas imemoriais.
             Na umbanda, a mediunidade é um processo natural, decorrente de uma ampla sensibilização fluídica do espírito do médium, antes do reencarne, de forma a facilitar a sintonia com as entidades que o auxiliarão e que têm compromisso cármico com ele. Então, é dispensável as camarinhas e os longos isolamentos para "deitar pro santo", os pagamentos pecuniários aos sacerdotes, a fim de obter ritos de iniciação, bem como os sacrifícios animais com cortes rituais na altura do crânio do médium para fixar "divindades" no chacra coronário. Também não é preciso dar comida à cabeça para firmar o guia nem "obrigações" de troca com o Sagrado, muito menos adotar procedimentos de imolação com derramamento de sangue para reforçar o tônus mediúnico, que são interferências ritualísticas existentes em outros cultos, mas não fazem parte dos fundamentos da umbanda.
           Todo o método de interferência e "acasalamento" medianímico entre aparelho encarnado e guia espiritual é natural e se concretiza após longa preparação entre encarnações sucessivas, conforme pôde ser comprovado pela manifestação límpida e cristalina da mediunidade em Zélio de Moraes, que, em tenra idade física, recebeu o Caboclo das Sete Encruzilhadas, numa expressão de mediunismo espontâneo e inequívoco.  
          Temos na origem africana da umbanda consistente fundamentação, especialmente a do conhecimento dos orixás, dos elementos, das ervas, dos cânticos, enfim, da magia. Foi pelo sincretismo entre a religiosidade africana e o catolicismo que os fundamentos dos orixás se mantiveram ao longo dos tempos no Brasil, embora, voltando ao passado remoto, à época da submersa Atlântida, cheguemos a esses mesmos ensinamentos sagrados, detectando que a essência em suas semelhanças foi mantida, ainda que tenha havido uma enorme diversidade de culto na história das religiões. Inquestionavelmente, se não fossem os africanos trazidos para solo pátrio não teríamos os orixás na umbanda atual.


                 A pajelança indígena é um termo que designa as diversas manifestações mediúnicas dos índios brasileiros. Geralmente é realizado um ritual em que o sacerdote (pajé) entra em contato com espíritos de ancestrais e de animais, com a finalidade de cura e resolução de problemas da tribo. Nessas sessões, podem ser tomadas infusões de ervas ou fumadas determinadas folhas que facilitam o desdobramento astral, fazendo com que o medianeiro ingresse no mundo dos espíritos de forma induzida e não natural. Obviamente temos muito da herança silvícola na umbanda, mas não utilizamos recursos alucinógenos para a manifestação dos espíritos.

Pajé indígena brasileiro


Pajé indígena em ritual de cura
             Verificamos ainda uma pajelança cabocla, com diversos nomes, difundida na Amazônia e no nordeste do Brasil que se "umbandiza" aos poucos. Existem fragmentos rituais do catolicismo popular, rico em ladainhas, do xamanismo indígena, com beberagens, e, infelizmente, os indispensáveis sacrifícios (ebós) preponderantemente provindos das nações africanas, de maneira geral ritos locais conhecidos como Catimbó, Tambor de Mina, Jurema e Toré, que dão ênfase ao tratamento de doenças e consolo psicológico às populações carentes (cura, arrumar emprego, amor, alimentto etc.), as quais, em muitos casos, só encontra nas práticas mágicas populares a possibilidade de realização de seus anseios diante de uma vida sofrida. Observamos que esses ritos se distanciam da umbanda quando cobram, matam animais, não respeitam o livre-arbítrio e estabelecem uma relação de troca com os espíritos, "facilitando" a vida dos carentes que os procuram para um escambo de benesses. Por outro lado, muitos pretos velhos e caboclos missionários, que são como bandeirantes andarilhos de Jesus, vão consolando e falando do Evangelho do Divino Mestre nesse meio ritual, um tanto anárquico e fetichista, de maneira a acalmar a urgência dos filhos de fé em verem atendidos os seus pedidos e despertá-los para as verdades espirituais que ensinam: "a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória".
          Quanto ao catolicismo, urge esclarecer que os santos católicos já devem ter reencarnado animando outras personalidades na matéria. Acreditamos, respeitando as diferenças e a necessidade cármico-evolutiva de cada terreiro, que as imagens africanas dos orixás são mais originais e afins à umbanda do que qualquer outra. Basta olhar um ogum africano, simbolizando o orixá em seus atributos ancestrais que se perpetuam no tempo, independentemente de uma individualidade, para comprovarmos a oceânica diferença de São Jorge, um espírito que encarnou, mesmo sabendo da intensa adoração e força que a fé coletiva deposita nesse "santo".
            Diante disso, é impensável não cultuar na umbanda o São Jorge dos católicos, em cima do cavalo, com espada em punho subjugando o dragão. Esse nosso modelo de interpretação se baseia principalmente na associação feita na época da escravatura entre os santos católicos e os orixás, em decorrência da proibição religiosa de culto que os africanos sofreram. Hoje, no entanto, num ambiente de liberdade, devemos manter o sincretismo católico de acordo com fé de cada grupo, porém conscientes das leis universais de reencarnação que imputa aos espíritos santificados na Terra a abençoada reencarnação, acima dos separatismos causados pelos dogmas religiosos.

             Outro aspecto do catolicismo presente em muitos terreiros são sacramentos como o batismo e o casamento, e até as procissões em vias públicas, como as habituais festividades para Ogum e Iemanjá que coincidem com o calendário católico - a nosso ver, práticas do catolicismo amalgamadas em uma parte significativa da umbanda, assim como era comum antigamente os filhos de africanos e índios catequizados freqüentarem ao mesmo tempo tanto a igreja como os cultos de suas nações e tribos. A aplicação desses sacramentos e também das chamadas iniciações ritualísticas é que acaba por criar uma casta sacerdotal que vive da religião, cobrando pelos serviços prestados. Lembremos que Jesus fazia tudo de graça.
 
imagens de Santos católicos
            No tocante ao espiritismo, a diferença básica, sem dúvida, é a ausência de ritual nos centros espíritas, os quais estão presentes na umbanda em abundância, e até de maneira anárquica e diversificada, ao contrário da rígida padronização existente no movimento espírita ortodoxo. Entendemos que as semelhanças se dão quanto ao apelo caritativo, à mediunidade, à aceitação da reencarnação e da pluralidade dos mundos habitados, entre outras verdades universais. Entretanto, a maior semelhança entre ambas é a presença de Jesus, que na umbanda é sincretizado com o orixá Oxalá. Por isso, ao anunciar a nova religião, o Caboclo das Sete Encruzilhadas associou-a ao Evangelho. Teria sido acaso a presença dos ensinamentos do Cristo num ambiente religioso em que se cultua os orixás? Responderemos este assunto mais adiante.
            
 O autor conclui : queremos dizer que nossa intenção não é recomendar uma prática de umbanda purista, mas sim fortalecer sua identidade, suas raízes ancestrais, inseridas num contexto social e psicológico atual, livre de perseguições e preconceitos religiosos, num ambiente de saudável diversidade, em que as diferenças devem unir e as semelhanças fortalecer. A umbanda sobressai em relação a outras religiões, pois se adapta às consciências nas localidades geográficas onde se expressa, dando o tempo necessário, de acordo com a capacidade de compreensão de cada coletividade envolvida pelo manto da sua caridade, ao crescimento espiritual, sem julgamentos belicosos ou imputação de dor e sofrimento como formas de crescimento. Por sua ampliada universalidade, atrai para si outras religiões, fazendo com que o entendimento de cada consciência encontre referências rituais em seus terreiros, tal como uma costureira que alinhava vários retalhos numa mesma colcha. A umbanda resgata o consolador crístico, assim como Jesus fez em Suas andanças terrenas, e não imputa aos seus prosélitos que "fora de sua seara não há salvação".

texto retirado do Livro Umbanda Pé no Chão, Norberto Peixoto.

Sincretizado com Jesus
Iemanjá sincretizada com Nossa Senhora dos Navegantes,
ou Nossa Senhora da Conceição, ou ou Nossa Senhora das Graças

Nanã Buruquê, sincretizada com Santa Ana


Xangô , sincretizado com São Jerônimo
Oxum, sinsretizada com Nossa Senhora da Conceição ou Nossa Senhora Aparecida
Oxossi sincretizado com São Sebastião
Omulu sincretizado com São Roque e Abaluaiê sincretizado com São Lázaro
Ogum, sincretizado com São Jorge
Iansã ou Oyá, sincretizada com Santa Bárbara
Cultuamos na Umbanda Cosme Damião e Doum, na Linha das crianças ou êres