Concentração e Incorporação
Acredito
que a concentração é o ponto chave para uma boa incorporação
Uma
das dificuldades dos integrantes das reuniões mediúnicas diz respeito à concentração.
A
capacidade de controlar, direcionar e manter o pensamento dentro das
finalidades da reunião é, para a maioria, um esforço muito grande e que nem
sempre dá bons resultados. Não raro os pensamentos se dispersam, fixam-se em
fatos do dia-a-dia e acabam por tornar alguns sonolentos, enquanto outros estão
distraídos e longe dos objetivos propostos para um trabalho sério. Alguns
poucos, então, conseguem uma boa concentração e estes sustentarão os trabalhos programados, porém, como é óbvio, sem
alcançar melhor produtividade devido aos bloqueios vibratórios existentes no
ambiente.
A
nossa cultura ocidental não dá ênfase à necessidade do controle mental, pois é
fundamentada em uma mentalidade racional, extremamente prática, extrovertida e
imediatista valorizando a horizontalidade da vida terrestre, exatamente oposta
ao Oriente, cuja mentalidade se estrutura de forma intuitiva, mística e
introvertida e que realça a essência espiritual do ser humano, incentivando a
busca da verticalidade.
Nos
últimos tempos tem-se notado um sensível aumento no interesse por algumas
práticas orientais, ressaltando-se a meditação,
cujos benefícios estão sendo procurados pelos ocidentais, que despertaram para
a necessidade de uma busca interior, ou seja, o autoconhecimento.
A
concentração que é praticada nas reuniões mediúnicas, evidentemente, tem
conotações próprias e não deve ser tomada aqui como as realizadas nas práticas
orientais, embora os aspectos semelhantes nas suas bases, quais sejam a
disciplina mental, o controle e equilíbrio dos pensamentos. Exatamente por
terem estes mesmos fundamentos é que citaremos algumas definições de autores do
Oriente, visto que a sabedoria oriental é multimilenar e pode beneficiar-nos
sobremaneira através desses pontos comuns.
Concentração - Conceito: Concentrar, segundo o dicionário Aurélio, significa
"fazer convergir para um centro ou para um mesmo ponto. Aplicar a atenção
a algum assunto".
Um
autor oriental, Mouni Sadhu, esclarece que o poder de concentração consiste na
"habilidade para manter inabalavelmente sua percepção sobre um tema
escolhido, pelo tempo que você decidir continuar com ele" (Do livro
"Meditação").
É
exatamente essa capacidade de concentrar nos objetivos da reunião mediúnica que
irá favorecer a realização dos trabalhos.
Leon
Denis, em sua magistral obra "No Invisível", alerta:
"Conforme o seu estado psíquico, os
assistentes favorecem ou embaraçam a ação dos Espíritos"
Dificuldades de Concentração:
Deixamos
a palavra com Leon Denis, que assinala o motivo principal da dificuldade de
concentrar:
"Na
maior parte dos homens os pensamentos flutuam sem cessar.
Sua mobilidade constante e sua variedade infinita pequeno acesso
oferecem às influências superiores.
É preciso saber concentrar-se, pôr o pensamento acorde com o
pensamento divino.(...)"
("O Problema do Ser, do Destino e da Dor", cap. XX)
Sua mobilidade constante e sua variedade infinita pequeno acesso
oferecem às influências superiores.
É preciso saber concentrar-se, pôr o pensamento acorde com o
pensamento divino.(...)"
("O Problema do Ser, do Destino e da Dor", cap. XX)
A
reunião mediúnica apresenta ainda outras conotações que são peculiares ao tipo
de atividade que ali se desenvolve.
Assim,
a dificuldade de concentrar-se nos
objetivos elevados que o exercício da mediunidade requer é resultado da
pouca prática que a maioria das pessoas têm de fixarem seus pensamentos em
assuntos edificantes, em ideais e idéias nobres durante o seu dia-a-dia. Estão com a mente sempre ocupada pelos
problemas e questões do cotidiano, por coisas supérfluas e interesses
imediatistas, pelo noticiário e programa da TV, por literatura e músicas
teor inferior, por conversações extremamente banais e irresponsáveis, e não
conseguem esvaziá-la desses assuntos para dar campo às influências benéficas
dos Espíritos Superiores, dos Mentores que assessoram os trabalhos.
Ensina
Leon Denis:
"As
preocupações de ordem material criam correntes vibratórias horizontais, que
põem obstáculo às radiações etéreas e restringem nossas percepções. Ao
contrário, a meditação, a contemplação e o esforço constante para o bem e o
belo formam correntes ascensionais, que estabelecem as relações com os planos
superiores e facilitam a penetração em nós dos eflúvios divinos ".
A Importância da Concentração Mediúnica:
"Nesse
sentido, consideremos a concentração mental de modo diverso dos que a comparam
a interruptor, de fácil manejo que, acionado, oferece passagem à energia
comunicante, sem mais cuidados... A concentração, por isso mesmo, deve ser um
estado habitual da mente em Cristo e não uma situação passageira junto ao
Cristo".
Nossos
pensamentos têm determinado teor vibratório, de acordo com os sentimentos que
os tipificam.
É
imprescindível compreendermos que o pensamento
é energia viva "construindo paisagens ou formas e criando centros
magnéticos ou ondas, com os quais emitimos a nossa atuação ou recebemos a
atuação dos outros (Emmanuel - "Roteiro", cap.28).
Este
é o processo natural de sintonia e que predomina no curso de nossa existência.
Nas
tarefas mediúnicas esta sintonia apresenta peculiaridades próprias. É essencial
que exista uma afinizaçào, uma sintonia
entre os participantes para que se estabeleça uma sincronia de forças, a
conhecida "corrente vibratória".
Pode-se
inferir, desde agora, o quanto é importante a concentração individual, visto que a qualidade dos trabalhos de
intercâmbio depende fundamentalmente da participação consciente e responsável
de cada um.
Recordemos
Leon Denis, quando leciona a respeito:
"São
favoráveis as condições de experimentação quando o médium e os assistentes constituem um grupo harmônico, isto é, quando
pensam e vibram em
uníssono. No caso contrário, os pensamentos emitidos e as forças
exteriorizadas se embaraçam e anulam reciprocamente..."(No Invisível)
Ele
acrescenta ainda que o médium em meio a essas correntes contrárias fica
bloqueado, sem condições de atuar mediunicamente ou bastante prejudicado na
filtragem das mensagens.
Em
"O livro dos Médiuns", o Codificador ressalta a necessidade da
concentração ao referir-se à reunião como um ser coletivo, resultante das
qualidades e propriedades de seus membros e esta tanto mais força terá quanto
maior homogeneidade vibratória houver. Ele afirma que o poder de associação dos pensamentos de todos é que contribuirá para a
comunicação dos Espíritos, "mas a fim de que todos esses pensamentos
concorram para o mesmo fim, preciso é que vibrem em uníssono; que se confundam,
por assim dizer em um só, o que não pode dar-se sem a concentração"(Item
331).
Portanto,
cada participante precisa estar consciente de sua contribuição para que haja
êxito nas atividades programadas pela Espiritualidade Maior.
João
Cleófas (Espírito), em seu excelente livro "Intercâmbio Mediúnico",
desenvolve o pensamento de Kardec e Denis, em linguagem moderna:
"A
média que resulta das fixações mentais dos membros que constituem o esforço da
sessão mediúnica oferece os recursos para as realizações programadas.
A
concentração individual, portanto é de alta relevância, porque a mente que
sintoniza com as idéias superiores vibra em freqüências elevadas"
Como Obter Uma Boa Concentração:
A
concentração não requer um esforço físico. Pessoas que tentam concentrar
franzindo a testa, fechando os olhos com força ou denotando qualquer outro tipo
de tensão muscular não alcançarão a finalidade a que se propõem. Ao contrário
do que imaginam, a concentração exige um
relaxamento e passa por alguns estágios, quais sejam:
1. Relaxamento - O relaxamento do corpo físico serve para preparar e
favorecer a calma, a tranqüilidade interior.
2. Abstração - Abstrair-se do mundo exterior, de tudo ao seu
redor.
3. Interiorização - Fazer silêncio interior, abstraindo-se também dos
conteúdos psicológicos (emoções, pensamentos, imagens, lembranças, etc).
4. Fixar a mente - A mente se fixa e a atenção volta-se exclusivamente
para o objetivo da reunião.
5. Aquietar a mente - Neste ponto a mente se aquieta e, no caso dos
médiuns, oferece espaço para a sintonia mental com o Espírito que irá
transmitir a comunicação.
Afirma
João de Cleófas:
"A
concentração, é, pois, a fixação da mente numa idéia positiva, idealista, ou na
repetição meditada da oração que edifica, e que, elevando o pensamento às
fontes geradoras da vida, dá e recebe, em reciprocidade, descargas positivas de
alto teor de energias santificadoras."(Intercâmbio Mediúnico)
Pensamentos
Intrusos
Todos
os que se iniciam nos exercícios de concentração ou de meditação percebem que é
difícil controlar os pensamentos e que, com freqüência, vêem-se assaltados por
pensamentos intrusos, inconvenientes e inoportunos.
Deixemos
a lição a respeito com um dos mestres orientais:
"No
início toda a sorte de maus pensamentos podem ocorrer, se levantarão na sua
mente. Você se sobressaltará.
Ficará
atormentado. Isto é um bom sinal. É sinal de progresso espiritual. Voe está
evoluindo espiritualmente. Esses pensamentos, com a continuidade (dos
exercícios), morrerão com o tempo". (Trechos do livro "Concentração e
Meditação", de Swami Sivananda).
Ele
também aconselha que a pessoa não lute contra a sua mente durante a
concentração.
O
mais acertado é aceitar com tranqüilidade e estabelecer o hábito de retorno,
isto é, retornar aos objetivos propostos.
No
livro de Mira y Lopes, "Curso Prático de Concentração Mental" o autor
refere-se ao"hábito de retorno", para disciplinar a mente.
André
Luiz, sintetizando o esforço que os integrantes dos grupos mediúnicos devem
realizar, anota em seu livro "Os Mensageiros" a palavra de Aniceto,
relativa ao nosso tema:
"Boa concentração exige vida reta. Para que os nossos pensamentos se congreguem uns aos
outros, fornecendo o potencial, de nobre união para o bem, é indispensável o
trabalho preparatório de atividades mentais na meditação de ordem superior. A
atitude íntima de relaxamento (este termo tem neste contexto o significado de
descaso), ante as lições evangélicas recebidas, não pode conferir ao crente, ou
ao cooperador, a concentração de forças espirituais no serviço de elevação
tão-só porque estes se entreguem apenas por alguns minutos na semana, a
pensamentos compulsórios de amor cristão.(...)."(Cap. 47)
A
Doutrina Espírita é um convite permanente à transformação moral, levando a um
processo natural de auto-descobrimento e propiciando condições para a
realização desse encontro pessoal. Toda essa mudança, quando ocorre naquele que
já interiorizou os princípios espíritas, denota um amadurecimento que favorece
a uma nova compreensão da vida e a uma necessidade premente da busca da
verticalidade. Quando existe essa conscientização o indivíduo torna-se cônscio
de usas responsabilidades procurando, então, adquirir hábitos equilibrados, o que irá favorecer a sua
concentração enquanto integrante de um grupo mediúnico.
Deixemos
com Emmanuel a palavra final:
"Receberás,
portanto, variados apelos, nascidos do campo mental de todas as inteligências
encarnadas e desencarnadas que se afinam contigo, tentando influenciar-te
através de ondas inúmeras em que se revela a gama infinita dos pensamentos da
Humanidade, mas se buscas o Cristo, não ignoras em que altura lhe brilha a
faixa." ("Seara dos Médiuns", Faixas pág. 125).
Fonte: https://www.facebook.com/Sabedoria-De-Umbanda-695269347185749/
obs.: Ver artigos 19 e 20 desse blog sobre incorporação
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